Fibrose cística: entenda o que é a doença e qual o papel da Fisioterapia

17/09/2013 18:00

Fibrose cística (FC) ou mucoviscidose, popularmente conhecida como a “Doença do Beijo Salgado” é uma doença genética que acomete principalmente crianças e indivíduos de raça branca, conhecida pelos sintomas pulmonares e digestivos, assim como pelo comprometimento das glândulas sudoríparas. A mutação genética ocorrida no gene FC, que codifica uma proteína chamada CFTR (regulator transmembrane condutance cystic fibrosis), induz manifestações clínicas, nos quais as secreções tornam-se mais espessas, dificultando sua eliminação, podendo ainda ocorrer infecções e gerando resposta inflamatória crônica. Os sintomas respiratórios mais frequentes são a sinusite, bronquite, pneumonia, podendo o paciente apresentar falência pulmonar.  Além disso, a doença induz comprometimento hepático e pancreático, dificultando a absorção de gorduras, proteínas e carboidratos, causando diarreia crônica e desnutrição calórica proteica. A criança com FC apresenta baixo peso e tamanho reduzido em relação às outras de sua idade, além de forte cansaço ao tossir. Esses pacientes podem apresentar fadiga durante o exercício e atividades diárias e também complicações posturais.

A confirmação da FC ocorre quando criança, porém o diagnóstico no Brasil ocorre mais tardiamente, com média de 4,7 anos, pois se torna necessário o surgimento de sinais clínicos indicativos e antecedentes familiares. Porém, em alguns estados brasileiros, a FC tem sido diagnosticada através do Teste do Pezinho. Tendo em vista o grande número de pacientes acometidos e por ser uma doença crônica, cada paciente deve ser avaliado isoladamente, na busca de um tratamento personalizado, considerando as limitações individuais. Quanto mais precoce é diagnosticada a doença por uma equipe multidisciplinar, melhor será a qualidade de vida do portador, assim como a eficácia terapêutica.

O tratamento fisioterapêutico engloba diversas técnicas que beneficiam os pacientes portadores de FC. A fisioterapia respiratória é indispensável em todos os pacientes, considerando os prejuízos pulmonares existentes. Além disso, torna-se fundamental a realização de fisioterapia motora, objetivando o benefício completo do indivíduo. São diversas as técnicas utilizadas para uma melhora significativa dos sintomas pulmonares, tais como o acúmulo de secreções e dificuldade respiratória, dentre elas, destacam-se a tapotagem, vibração, drenagem postural, huffing, flutter, drenagem autógena e o ciclo ativo da respiração. Manobras respiratórias são relevantes na prática cotidiana do profissional fisioterapeuta que trabalha com estes pacientes, proporcionando ao portador uma limpeza pulmonar eficaz, diminuindo a sensação de desconforto devido à grande quantidade de muco acumulado. Por outro lado, na fisioterapia motora os objetivos a serem alcançados irão depender especificamente de cada paciente. Dentre as principais complicações evidenciadas nos pacientes com FC, destaca-se a sobrecarga da musculatura que auxilia na respiração, a qual provoca distúrbios posturais, assim como prejuízos na realização das atividades da vida diária do paciente. Nesta condição, torna-se essencial o monitoramento e a devida orientação ao portador para a prática de alongamentos, e a realização de terapias manuais.

Em síntese, pode-se observar a extrema importância da fisioterapia no tratamento de pacientes com FC. Além de apresentar valor terapêutico fundamental o maior objetivo do profissional fisioterapeuta é melhorar a qualidade de vida dos pacientes portadores, considerando a FC uma doença progressiva crônica, e que, até o presente momento, não apresenta terapia completamente efetiva. No dia 05 de Setembro é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Divulgação da FC. (Associação Brasileira de Assistência a Mucoviscidose – ABRAM).

 

Texto publicado  no caderno mensal Corpo e Mente em movimento, do Jornal da Manhã,  pela equipe Webfisio.

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